Conferência no Porto a 4 de Maio

Álvaro Cunhal<br> a organização e a luta<br> dos trabalhadores

No pró­ximo dia 4 de Maio, sá­bado, re­a­liza-se na Fun­dação En­ge­nheiro An­tónio de Al­meida, no Porto, entre as 15 e as 18 horas, a Con­fe­rência «Álvaro Cu­nhal, a or­ga­ni­zação e a luta dos tra­ba­lha­dores».

Álvaro Cu­nhal de­dicou grande atenção à or­ga­ni­zação dos tra­ba­lha­dores

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Como re­vo­lu­ci­o­nário, Álvaro Cu­nhal fez uma opção de vida que teve no centro da sua acção a luta cons­tante contra a ex­plo­ração dos tra­ba­lha­dores, contra o de­sem­prego, pela me­lhoria de di­reitos so­ciais e la­bo­rais para os tra­ba­lha­dores e para todo o povo. De­dicou grande atenção às ques­tões da or­ga­ni­zação dos tra­ba­lha­dores e de um forte mo­vi­mento sin­dical uni­tário, de classe, de massas, de­mo­crá­tico e in­de­pen­dente. Daí que a par­ti­ci­pação nesta ini­ci­a­tiva será do in­te­resse de tra­ba­lha­dores, co­mu­nistas e não co­mu­nistas, e de mem­bros de sin­di­catos e Co­mis­sões de Tra­ba­lha­dores.

Álvaro Cu­nhal afir­mava com razão: «Se o Par­tido que temos é in­se­pa­rável da sua in­fluência no mo­vi­mento sin­dical, também as ca­rac­te­rís­ticas do mo­vi­mento sin­dical uni­tário são in­se­pa­rá­veis da in­fluência dos co­mu­nistas no seu seio.» Álvaro Cu­nhal con­tri­buiu de forma de­ci­siva para a de­fi­nição e con­cre­ti­zação da linha po­lí­tica do PCP para a frente sin­dical que lançou as raízes do ac­tual mo­vi­mento sin­dical uni­tário, tal como hoje o co­nhe­cemos.

No III Con­gresso do Par­tido, re­a­li­zado em 1943, apre­sentou um re­la­tório onde se pro­punha a acção no in­te­rior dos sin­di­catos na­ci­o­nais, para ali serem de­fen­didos os di­reitos e in­te­resses dos tra­ba­lha­dores. No re­fe­rido re­la­tório, é pos­sível vis­lum­brar aquilo a que se pode chamar uma ex­tra­or­di­nária visão an­te­ci­pada do que viria a ser o pro­cesso de cri­ação da In­ter­sin­dical, em 1970, a es­tru­tura or­gâ­nica em que as­senta hoje a CGTP-IN, quando se propõe a com­po­sição de ver­da­deiras listas de frente única (hoje listas uni­tá­rias), a re­a­li­zação de con­fe­rên­cias sin­di­cais com sin­di­ca­listas an­ti­fas­cistas, com o ob­jec­tivo da cons­ti­tuição de um forte mo­vi­mento sin­dical uni­fi­cado à es­cala na­ci­onal no sen­tido da edi­fi­cação em Por­tugal de uma ver­da­deira cen­tral sin­dical; a cons­ti­tuição de co­mis­sões de uni­dade nas fá­bricas (an­te­ces­soras das ac­tuais Co­mis­sões de Tra­ba­lha­dores); a ne­ces­si­dade de se avançar com formas de or­ga­ni­zação, re­gi­o­nais (em­brião das ac­tuais uniões dis­tri­tais de sin­di­catos).

O III Con­gresso do Par­tido operou, de facto, uma vi­ragem no tra­balho sin­dical do PCP. Os re­sul­tados podem ser ava­li­ados pela na­tu­reza do ac­tual mo­vi­mento sin­dical uni­tário, cujas raízes mer­gu­lham nas de­ci­sões de então.

Pen­sa­mento in­con­tor­nável

De resto, não é pos­sível com­pre­ender-se a pu­jança com que o mo­vi­mento sin­dical emergiu no 25 de Abril de 1974, nem o papel e a in­fluência que os co­mu­nistas nele ti­nham, e con­ti­nuam a ter, sem se co­nhecer estes an­te­ce­dentes his­tó­ricos e a atenção con­tínua que o PCP, ao longo da sua his­tória, sempre deu ao tra­balho dos seus mi­li­tantes nos sin­di­catos para a de­fesa das con­di­ções de vida e dos di­reitos dos tra­ba­lha­dores.

Na Con­fe­rência es­tará pre­sente a abor­dagem do pen­sa­mento e a acção de Álvaro Cu­nhal sobre a or­ga­ni­zação e a luta dos tra­ba­lha­dores e a sua di­mensão na ac­tu­a­li­dade e no fu­turo. Serão abor­dadas e es­tarão em de­bate ques­tões como a luta de massas, os in­te­resses e di­reitos dos tra­ba­lha­dores, a sua or­ga­ni­zação, a acção e or­ga­ni­zação nas em­presas e lo­cais de tra­balho, a na­tu­reza de classe, a uni­dade e in­de­pen­dência do mo­vi­mento sin­dical uni­tário.

São as­pectos de grande im­por­tância em todas as si­tu­a­ções e da maior ac­tu­a­li­dade face à ofen­siva de agra­va­mento da ex­plo­ração, em­po­bre­ci­mento, re­tro­cesso so­cial e de­clínio na­ci­onal, fruto da na­tu­reza do ca­pi­ta­lismo, da po­lí­tica de di­reita das úl­timas dé­cadas, ace­le­rada e apro­fun­dada pelo pacto de agressão.

São igual­mente as­pectos de­ci­sivos e de toda a ac­tu­a­li­dade na luta pela rup­tura com o rumo de de­sastre na­ci­onal, pela de­fesa dos in­te­resses de classe dos tra­ba­lha­dores, por uma vida digna, por um ca­minho de de­sen­vol­vi­mento e pro­gresso so­cial, uma de­mo­cracia avan­çada vin­cu­lada aos va­lores de Abril, tendo no ho­ri­zonte uma so­ci­e­dade li­berta da ex­plo­ração e da opressão, a so­ci­e­dade so­ci­a­lista.

A Con­fe­rência será di­ri­gida por Jo­a­quim Al­meida, membro do CC do PCP, e nela in­ter­virão Ar­ménio Carlos, Se­cre­tário-Geral da CGTP-IN, João Torres, co­or­de­nador da União dos Sin­di­catos do Porto, Ana Va­lente, membro da DORP e do CC, e Fran­cisco Lopes, membro do Se­cre­ta­riado e da Co­missão Po­lí­tica. Se­guir-se-á um de­bate e o en­cer­ra­mento fi­cará a cargo de Je­ró­nimo de Sousa.



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